sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sabia que:

- as doenças mentais foram muitas vezes atribuídas ao castigo dos deuses e a possessões demoníacas; - uma em cada cinco pessoas venha a ter uma doença mental, em todo o mundo;
- muitas perturbações mentais têm inicio na juventude;
- o Prémio Nobel da Medicina atribuído em 1949 ao Professor Egas Moniz ficou a dever-se à sua investigação em neurocirurgia das doenças mentais graves;
- um dos preconceitos mais comuns é de que os doentes mentais são violentos e perigosos, por generalização de um ou outro caso;
- a palavra manicómio deriva do substantivo grego mania, a que se aglutinou o elemento "- cómio" (que significa cuidar de, curar);
- a Organização Mundial da Saúde acredita que a actual crise financeira pode agravar os sentimentos de desespero entre os milhões de pessoas vulneráveis a doenças mentais como a depressão e o distúrbio bipolar;
- algumas pessoas com doenças psiquiátricas graves revelam capacidades invulgares no domínio das artes e ciências.

Tratamento Psiquiátrico

A Importância do Tratamento
A maioria dos doentes recupera, ou pelo menos melhora com o tratamento. Segundo a American Psychiatric Association, os medicamentos aliviam os sintomas agudos da esquizofrenia ou da doença bipolar em 90% dos casos. Uma parte significativa dos indivíduos com algum tipo de perturbação mental pode retomar uma vida com qualidade se mantiver a terapia de longa duração que lhe foi recomendada.
Em Portugal, estima-se que quatro em dez tratamentos sejam interrompidos, sem consultar o médico. Segundo o Dr. Marques Teixeira, presidente do Colégio de Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, na origem deste facto está a falta de consciência dos doentes da perturbação, o que os leva a abandonar a medicação quando sentem pequenas melhorias. De acordo com o especialista, para mais de dois terços dos doentes são necessários dois ou mais anos até ser encontrada a medicação adequada, que vai permitir a estabilização dos pacientes. A medicação ineficaz, alterada ou descontinuada pode levar ao reaparecimento de sintomas como a insónia, irritabilidade e depressão, conduzindo ao risco de recaída com um forte impacto negativo no equilíbrio dos doentes, na autonomia e no dia-a-dia das famílias.

Estigma Social
As doenças psiquiátricas e, em especial, as mais graves - identificadas como "doenças mentais" - são, com frequência, alvo de estigmatização que recai sobre as pessoas por elas afectadas e família. Segundo o psiquiatra e director de Serviço de Psiquiatria do Hospital Júlio de Matos "este estigma ou preconceito contribui para o isolamento do indivíduo, atrasa o contacto com os serviços de psiquiatria e saúde mental e tem marcada repercussão na qualidade das relações humanas".
Segundo a OMS, todos os anos, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio, 86% das quais nos países de recursos mais pobres ou medianos. A maior parte dos indivíduos que se suicidam encontram-se na idade entre os 15 e os 44 anos. As perturbações mentais são, de longe, a causa mais frequente de suicídio.
O estigma que acompanha as doenças mentais e a discriminação dos doentes e das famílias impede, por vezes, que procurem os cuidados apropriados para o tratamento deste tipo de situações. O estigma e a marginalização social pode ocorrer com maior frequência em meios urbanos e suburbanos.

Reinserção na Comunidade
A American Psychiatric Association acredita que, a nível mundial, em cerca de dez pessoas com doença mental, oito possam voltar a ter vidas normais e produtivas. Para tal é necessário uma combinação de tratamento apropriado, com estruturas terapêuticas de apoio e alojamento.
A terapia ocupacional é um dos passos iniciais em todo o processo de reinserção e tem por objectivo dotar os doentes de novas capacidades e competências. Relacionadas com a reabilitação, existem ainda estruturas de formação profissional e de inserção no mercado de trabalho como o emprego protegido. A criação de residências assistidas para pessoas com doenças mentais graves e incapacitantes é outra importante iniciativa no esforço de reintegração na comunidade.
A inserção do doente mental na sociedade é complexa, sendo muito difícil conseguir um trabalho e mantê-lo. Em Portugal, calcula-se que menos de 10% dos doentes esteja envolvido em grupos de apoio social, sendo excluído do esforço de reintegração.





Doenças Psiquiátricas

"É normal no ser humano ser um pouco neurótico, sendo apenas o excesso chamado de patológico", Sigmund Freud


Há uma grande diversidade de perturbações mentais e de alterações de comportamento. Segundo a Classificação Internacional de Doenças as doenças psiquiátricas correspondem a 99 agrupamentos distintos. Nesta classificação encontramos: demências e perturbações por lesão cerebral; deficiências mentais e outros distúrbios de desenvolvimento; perturbações associadas ao abuso e dependência de substâncias nocivas; esquizofrenia e outras psicoses delirantes; perturbações do humor (doença bipolar e depressões); perturbações de ansiedade; distúrbios de ajustamento a factores exteriores; transtornos de personalidade e outras alterações de conduta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 30% da população mundial sofre de alguma doença mental. Desse total, 154 milhões de indivíduos sofrem de depressão e 25 milhões de esquizofrenia. Sensivelmente, 40 mil mortes são atribuídas às patologias psiquiátricas, como depressão bipolar, esquizofrenia e stress pós-traumático.

Principais Causas

Como não há uma única entidade patológica, não existe uma só causa. Hoje em dia, sabe-se que há alterações biológicas no cérebro das pessoas, mas que também existem factores genéticos que podem contribuir para a manifestação de perturbações mentais, bem como determinantes psicológicos, tóxicos, físicos e sociais. Por exemplo, uma pessoa pode desenvolver uma demência por exposição a químicos industriais, pode ter alterações dramáticas de comportamento após um acidente que tenha provocado traumatismo craniano, como sofrer de depressão profunda depois da perda de uma pessoa importante.

Sintomas mais Frequentes
Os sintomas variam em função do tipo de patologia, no entanto, há indícios que são comuns a todas doenças:
- Marcada alteração da personalidade;
- Perda de capacidade em lidar com problemas e actividades do dia-a-dia;
- Experiências fora do comum, correspondentes ao que o senso comum identifica como "loucura";
- Ansiedade excessiva;
- Estados profundos de tristeza ou apatia;
- Alteração evidente nos hábitos (alimentação, fadiga, sono, desejo sexual);
- Oscilações acentuadas de humor;
- Demasiada irritabilidade e hostilidade;
- Consumo abusivo (e dependência) de álcool, tabaco ou tóxicos.